AUTOMAÇÃO NAS AERONAVES MODERNAS, ESTEJA ATENTO!

Com a crescente modernização das aeronaves, sem dúvida tecnologia que contribui com a segurança de voo, a cabine de comando tem oferecido aos pilotos sistemas cada vez mais sofisticados e que podem tornar o profissional excessivamente dependente da automação. Essa tecnologia é excelente, mas tem seus riscos se não for compreendida. O piloto não pode ser submisso a automação; evitar isso é sua responsabilidade para conduzir um voo seguro em qualquer condição.
Os sistemas de automação são complexos e requerem um aprendizado completo sobre seu funcionamento para que o piloto não fique confuso durante as reações da aeronave quando um sistema está engajado. Uma má interpretação ou falta de compreensão de como um sistema funciona pode levar a aeronave aonde não desejamos realmente. Saber como essa automação irá funcionar em qualquer circunstância, normal ou em emergência, nos deixa fora de situações perigosas. As habilidades manuais devem ser exercitadas sempre, para que o piloto esteja seguro para ter o completo controle do voo em caso de mau funcionamento do sistema.  Isto não quer dizer que ao menor desacordo do piloto com o sistema, ele deva desacoplar, desengajar tudo e voar manualmente.  Isso pode levar a uma situação pior ainda.  O importante é entender os sistemas para poder fazer as devidas correções se preciso for.  Cada fase de voo tem seu nível de automação apropriado, que só beneficia a condução do voo de maneira mais segura.
O FMS (Flight Management System) é um exemplo de automação que pode levar a aeronave a uma situação indesejada caso o piloto programe uma tarefa diferente ou mal-entendida do Controle de Tráfego Aéreo (ATC).  Nesse caso, o profissional deve sempre seguir duas regras para garantir a segurança do voo:
1- No caso de dúvida sobre a instrução fornecida pelo ATC, solicite confirmação para seu correto entendimento e programação no FMS.
2- Se o piloto não tem tempo suficiente para programar o FMS para cumprir a instrução ou se a instrução leva a aeronave a uma trajetória de voo insegura, informe ao ATC que não será possível cumpri-la; com certeza é uma atitude mais prudente e, às vezes, necessária.

COMPREENDA COMO FUNCIONA A AUTOMAÇÃO DA AERONAVE
Saiba como a automação pode te ajudar e quando e como pode falhar, fazendo com que você exerça suas habilidades manuais e o conhecimento da aeronave para manter um voo seguro. Não seja completamente dependente.
Gerencie e monitore os sistemas de automação sempre, mantenha-se atento, evite ser complacente para não cometer erros.
O cheque cruzado entre os pilotos ao serem inseridos dados no FMS e controles do painel de piloto automático (Mode Control Panel ou Mode Select Panel) é muito importante para evitar erros.
Esteja sempre à frente da aeronave, antecipando o que ela deverá executar na programação dos sistemas para, no caso de algum erro, poder corrigi-lo rapidamente. Essa deve ser uma norma operacional de ambos os pilotos.
Sempre que possível, planeje as fases mais críticas do voo para evitar uma programação do FMS em cima da hora, na correria, o que pode aumentar as chances de um erro.
Saiba dizer ao ATC que você não será capaz de cumprir uma instrução caso não haja tempo hábil para programá-la.
E talvez o mais importante, pratique o voo mental sempre que a automação estiver em funcionamento, esteja “conectado” ao que está acontecendo, não seja refém dessa excelente tecnologia.

Recentemente temos visto a respeito do acidente com o novo Boeing 737 Max da Lion Air, que, aparentemente, além do erro de um sistema, houve o não conhecimento do funcionamento da automação por uma falha do fabricante na divulgação deste, o MCAS (Manuevering Characteristics Management System).  Suposições, por enquanto.  Assista sobre isso acessando https://www.youtube.com/watch?v=zfQW0upkVus .
Há um vídeo de 1997 da American Airlines chamado “Children of Magenta” que já demonstrava como agir diante da automação.É uma demonstração antiga, mas a automação tem aumentado. https://www.youtube.com/watch?v=pN41LvuSz10

Escrito por Cmte. Carlos Guedes